A lira como instrumento de ligação do ser humano às forças
cósmicas do tom.
O tom, como entidade cósmica, possui uma força de ação no
mundo e nas pessoas. Sua manifestação sonora pode ocorrer
através da voz ou de um instrumento musical.
A Escola do Desvendar da Voz nos mostra que podemos
desenvolver, através de exercícios com os fonemas, uma
capacidade de percepção sutil da manifestação destes tons.
Para isto, devemos nos colocar serviço do tom que se manifesta
através da nossa corporalidade física e da nossa voz.
Esta percepção pode também ser trabalhada de uma forma
especial com a lira, por ser um instrumento que nos convida a
uma atividade auditiva muito além dos nossos ouvidos
físicos.
As percepções sutis que adquirimos através da Escola do
Desvendar a Voz, da observação da ressonância, podem e devem
ser trabalhadas na lira. É preciso se sentir um com a lira – e
ir além.
Lira e Lirista como um só ser, se tornam
um com o tom que soa. O tom vive no musicista, o musicista se
torna um com o tom. Neste momento o tom pode agir com
plenitude trazendo a cura para a humanidade. Eu e a lira,
como um só Ser musical, nos colocamos a serviço do tom que soa
através de uma ação que parece ser das minhas mãos nas
cordas.
Podemos começar percebendo a energia que as nossas mãos
possuem, palma com palma, de uma mão para outra. E a partir
das palmas das duas mãos posso perceber bem fisicamente a
vibração das cordas e a expansão do tom. É importante buscar a
consciência de que o tom já existe como ser espiritual, e que
tem seu momento de encarnação quando eu toco a lira. E depois
ele volta para o mundo espiritual.
Até quando eu ouço e percebo este tom que se vai? Eu consigo
me tornar um com ele e sentir em mim a sua expansão e seu
caminho de volta?
Devemos olhar para a lira não só como um instrumento musical
que vai dar o tom ao aluno ou paciente - isto é muito pouco,
muito superficial – mas como um instrumento que possibilitará
um desenvolvimento interno e sensível ao terapeuta, ao
professor, ao musicista, enfim, ao ser humano.
Precisamos buscar sempre a consciência do sagrado que habita a
lira.